domingo, 8 de maio de 2011

Respiração de Vida

O mundo poderia ficar livre de perigo se não existisse amor! Todo o problema no mundo é causado pelo amor! Assim como também toda a diversão, prazer e propósitos da vida. Você vê o que eu estou dizendo? Suponha que não existisse amor: você então não teria ciúmes, pois os ciúmes são conseqüência do amor. Também a ganância acontece porque se ama demais os objetos. A raiva acontece porque você ama a perfeição, ou seja, porque você se irrita com as imperfeições. Você se ama demais e é por isso que o orgulho e a arrogância surgem em você. Não é?

Então, toda distorção do amor causa problemas não só para nós mesmos, mas para todos. Mesmo assim, o que é a vida sem amor? Só imagine que ninguém o ama neste planeta e que você não ama ninguém. A vida teria algum sentido? Algum propósito? Isto parece absolutamente deprimente, chato, desinteressante, não é? Mas, como conseguimos chegar àquele ponto do amor livre de distorções, onde somos capazes de estarmos em paz com nós mesmos?
É nesse ponto que um pouco de conhecimento sobre nós mesmos, sobre nossas mentes, nossas consciências e a origem da distorção irá ajudar. Quando você está cansado e exausto é que você não está em contato com suas virtudes. Todo indivíduo é concebido com suas virtudes no mundo. Elas simplesmente ficam cobertas pela falta de conhecimento. Tudo o que é necessário é apenas descobrir as virtudes que já existem.
Nunca devemos pensar: “Oh, a minha natureza interior é tristeza”. Eu digo que é só uma camada exterior - mergulhe um pouco mais fundo, onde não há tristeza. Você não pode ter uma ferida profunda dentro de você, porque isso apenas significa que você não tem ido fundo o suficiente. É devido à nossa incapacidade em perdoar que nós pensamos que tal pessoa tem nos machucado. Certo? Mas você pode olhar para a pessoa através de uma perspectiva diferente, vendo que aquela pessoa também está sendo uma vítima da ignorância, da mente pequena, da falta de consciência. Por isso, dentro de todo criminoso existe uma vítima chorando por ajuda. Se nós pudermos reconhecer que não precisamos perdoá-los, sentiremos compaixão por eles.
Quando estamos felizes, alguma coisa em nós se expande, você percebe isso? E quando estamos chateados, alguma coisa em nós se contrai, um sentimento de contração pode ser notado. Somente o conhecimento disso nos traz liberdade. Então, nossa mente ou nossa consciência não se tornam mais uma marionete das palavras, opiniões ou seus comentários de alguém. Ela se torna livre. Nós nos tornamos incondicionalmente felizes.
Cada um de nós deveria chegar para todos e falar, “Hei, venha cá, seja apenas amigável!”. Você sabe que uma criança sorri 400 vezes ao dia, um adolescente 17 vezes e um adulto praticamente não sorri. E pior, se ele se torna um pouco mais bem sucedido, se torna ainda mais tenso. Eu não consigo entender isto! Para mim, alguém que não tem medo, que se sente à vontade com qualquer um e tem um sorriso que ninguém pode roubar, é uma pessoa bem sucedida.
A partir de hoje, tome essa decisão de que você passará a ser um guia de luz para o mundo, para as pessoas ao seu redor. Aonde quer que você vá, você irá elevar espiritualmente a atmosfera daquele lugar. Se alguém vem até você com uma queixa, eles deverão voltar com um coração mais iluminado, sentindo mais entusiasmo. Você pode fazer isso?
Por isso, aprender sobre a nossa respiração é muito importante. Nossa respiração tem uma grande lição para nos ensinar, que nós não temos considerado até então. Para todo o ritmo da mente, há um ritmo correspondente em nossa respiração; para todo o ritmo da respiração há uma emoção correspondente. Como você não consegue lidar com a sua mente diretamente, através da respiração você pode.
Nem na escola, nem em casa nos ensinam o que fazer quando estamos chateados, irritados ou deprimidos. Não é assim? A primeira coisa que fizemos quando chegamos nesse planeta foi tomarmos uma inspiração profunda e depois começamos a chorar. A última coisa que iremos fazer será expirar e fazermos os outros chorarem! Durante toda a vida, nós estamos inspirando e expirando, mas, nós temos aprendido muito pouco sobre a nossa respiração! Sem respiração, não há vida...Conhecendo a respiração, conhecemos a vida! O ritmo da respiração pode nos ajudar a entrar em contato com o elemento mais profundo de nós mesmos, nossa alma, nossa consciência, nosso ser e nós nos sentimos conectados com todos, com tudo no mundo.
Tenho certeza que profundamente dentro de você, tudo dentro de você que sente que você não cresceu, significa que você não mudou, não ficou velho. Isto indica que a alma em você, a profundidade em você, o espírito em você não muda, não está envelhecendo. O corpo está amadurecendo, mas alguma coisa em você não está. Entrar em contato com esse algo que não envelhece, é o que traz a beleza da vida. Isso é meditação.
Nós precisamos aprender um pouco mais sobre a nossa respiração. Nós precisamos conhecer um pouco mais sobre todas as leis da nossa existência, corpo, respiração, mente, intelecto, memória, ego e o Ser. Isto é o que eu chamo de Arte de Viver, aprendendo um pouco mais sobre nós mesmos, as sete leis da nossa vida. E isto faz com que estejamos no momento presente e nos ajuda a preservar a nossa inocência, que nasceu conosco, e permite que nos sintamos à vontade com qualquer um, em qualquer lugar.
O que eu gostaria de sugerir é, da mesma forma que você pára o seu carro para revisão, tire uma semana do ano para você mesmo. Tire um tempo para você, junte-se com a natureza, acorde com o nascer do sol, faça algum exercício, coma comida apropriada, apenas na quantidade necessária, alguns exercícios com yoga, e alguns exercícios respiratórios, alguns minutos para cantar e praticar o silêncio, desfrutar da criação. Ao nos alinharmos com a natureza, todo o nosso sistema fica reabastecido, faz com que durante o resto do ano, nos sintamos muito mais vibrantes e entusiasmados.
(Sri Sri Ravi Shankar)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

NÃO BASTA EXISTIR, É PRECISO VIVER

 Não basta existir, é preciso viver. E viver é muito mais que existir.

Viver implica aprender e, para ser aprendiz, é preciso humildade para reconhecer a própria ignorância.
Viver implica educar-se para o amor, e, amando e amado, experimentar a angústia de saber-se iluminado sem sentir-se luz, vivenciando as dores e as venturas de sentir-se completo sem poder ser pleno.
Viver implica movimento. E não há movimento sem esforço e atrito.
A vida é dinâmica, jamais se estanca. Vibra serena e sem pressa, embora nunca pare para esperar quem ignore seu ritmo.
Para existir, basta estar. Para viver, é preciso ser, por inteiro. E para viver, ainda que existindo, é preciso ser estar e estar, num ser único.
Viver implica acreditar-se imortal e eterno, mesmo sabendo que nada é permanente.
Viver implica progredir, ir adiante, avançar.
Viver é existir de todas as formas e em todas as dimensões, amando cada uma delas.
Para viver, não basta ver, ouvir, pensar e falar, pois estas são manifestações da existência. Para viver, é preciso sentir, mergulhar em si mesmo e sair, novamente, para observar-se sem paixão.
Viver implica iluminar-se e, sob a luz da própria consciência, apontar os próprios defeitos e limites.
Viver implica assumir a responsabilidade pelos próprios atos, transformando-os todos em gestos de amor e compaixão.
Viver implica conhecer-se, profundamente, e, ciente de si, deixar de enganar-se, trabalhando para mudar aquilo que não está bem.
Viver implica reconhecer, no universo, o próprio lar; nas humanidades cósmicas, a própria família; na criação infinita, o próprio berço; e na natureza a própria saúde e o único sustento.
Não há vida sem troca, não há troca sem perdas, não há perdas sem ganhos, não há ganhos sem lutas, não há lutas sem dor, não dor sem razão; e não razão fora da vida.
Viver é muito mais que existir, mas ninguém aprende a viver plenamente sem existir, muitas vezes, de muitas maneiras.
Viver é transcender o que se pensa saber da vida, para assimilar-lhe a verdadeira sabedoria.
Viver implica arriscar-se. E o maior risco é errar.
Mas viver também implica estar certo. E a maior certeza é a de que, a cada erro, mais se pode aprender.
Para existir basta ter sangue nas veias e ar nos pulmões. Para viver, no entanto, é preciso sangrar e sufocar-se de tanto amor.
Na existência, há apenas meias verdades e grandes mentiras, enquanto a vida no conduz ao coração da única verdade absoluta.
Viver é manifestar-se sem tempo ou espaço; é ser fogo ardendo sempre, sem se queimar; é verbo que não se conjuga, apenas se pratica; é palavra que não se define, apenas se diz; é conceito que não se explica, apenas se vive.
Viver é estar no todo, sendo tudo, sem nunca esgotar-se.
Quem vive, canta por dentro, a despeito do silêncio exterior. Quem vive, existe em todos os lugares, sem pertencer a nenhum. Quem vive, busca, em si mesmo, o que deseja para o seu caminho e, quando encontra, volta a buscar.
Quem vive, não vê morte, apenas transformação; não morre, transmuta-se para a vida; não nasce, apenas passa pela morte para viver.
Viver é ir mais, mudar sempre, virar-se e revirar-se, buscar o próprio avesso, sem saber onde fica o direito.
Viver é enxergar a luz, mesmo nas sombras, e criar luz nas próprias trevas.
Viver é expandir a própria existência para além dos limites imaginados.
Viver é doar-se, sem pedir; é ceder, sem resistir; é entregar-se, sem recear.
Quem vive, renasce um novo ser todos os dias.
Quem vive, tem a própria existência traçada a lápis e recria o próprio destino, minuto a minuto, com a borracha da sabedoria e do perdão.
Quem vive, não sabe o caminho ou quando chegará, para sabe para onde está indo.
Quem vive, continua na morte e recria-se ao nascer, sabendo que é preciso morrer para nascer e é preciso existir para morrer.
Viver é ter na própria consciência uma única história, representada por milhares de faces, nomes, episódios de milhares de existências.
Para viver, não basta existir, pois existir é pouco para um ser que nasceu para ser Deus.